Ontem foi um dia cansativo e ao mesmo tempo prazeroso.
Toda vez que tenho que comparecer o HCAP - do CBMERJ – acabo passando algumas horas por lá, entre consultas e exames.
Não que eu goste, mas o número de pacientes a ser atendidos é grande, e o local é de difícil acesso (entrada do Túnel Rebouças). Então, para irmos lá em um só dia, marcamos consulta com mais de um especialista - caso seja preciso - para a mesmo data.
É inevitável: encontramos amigos, quer sejam Praças, Oficiais, Ativos ou Inativos. O CBMERJ é grande: não entendo como, quase todos se conhecem.
Nesta Quarta -Feira devido a grande procura pelo Oftalmologista, acabei encontrando uma amiga, cujo marido quando Soldado, trabalhou com Geraldo.
Interessante que nos últimos tempos nos vemos no Hospital, mas devido a pressa – estamos sempre correndo – não sentamos para conversar. Hoje foi diferente: teríamos que esperar mais de duas horas entre os atendimentos.
Ah...Colocamos a conversa em dia!
Lembramos de nossos filhos quando pequenos. Das nossas aflições, das alegrias e tristezas que a vida nos conferiu. Fizemos um apanhado de nossas trajetórias durante este tempo!
Foi tão bom... Emocionamo-nos: mas rimos também! E bastante...
Quando uma começava a contar algo inusitado que havia acontecido ao longo desses anos, a outra percebia que mais o menos a mesma coisa havia ocorrido com ela. Isso tanto nas alegrias, quanto nas tristezas.
Ao final, descobrimos (sem falsa modéstia) que somos mulheres guerreiras.
Saímos desse nosso encontro talvez mais leve. Percebemos que o que poderia ser de grande desconforto narrar, foi como uma grande terapia: trocamos experiências, sem nenhum escrúpulo.
Esse casal tem três filhos, e coincidentemente um deles também é PM, como meu filho.
Hoje relembramos festas de aniversários, festas em Quartéis (em uma época que no Natal todos, sem distinção de graduação, recebiam presentes muito bons, distribuídos pela faixa etária dos filhos). Um tempo em que éramos muito felizes!
É interessante lembrar, que o marido de minha amiga nessa época era Soldado, vindo logo depois a promoção para Cabo. Ele trabalhava junto a Geraldo no Quartel Central.
Vejam bem: naquela época, como Cabo, ele comprou um apartamento em Nova Iguaçu. O salário não era astronômico, mas deu-lhe um teto, condições de promover a educação estudantil dos filhos, dar uma boa alimentação, enfim, puderam viver dignamente.
Comentamos - como temos filhos na PMERJ - a dificuldade que todos passam.
Agradecemos enfim, a vida que conseguimos construir: ela nos dá condições de ajudar hoje em dia quando preciso, filhos que com algum sacrifício nosso, obtiveram acesso a estudo de qualidade, e que ao final do Segundo Grau, resolveram abraçar a carreira Militar Estadual .
Lamentamos... Lamentamos muito o estado de penúria dos Policiais e Bombeiros, pois era somente olharmos ao nosso redor para reconhecer como a falta de um Salário Digno está adoecendo homens jovens, que poderiam estar atuantes em sua Corporação.
Não acredito que no HCPM seja diferente. Já estive lá alguns anos atrás levando meu sobrinho com suspeita de Dengue, que estava com 41° de febre.
Nessa ocasião, Camila devia ter treze ou quatorze anos e era bastante franzina, e eu apesar de gordinha nunca fui uma pessoa com força muscular. Meu sobrinho tem 1m 92 cm, e naquela época certamente pesava muito mais de cem quilos.
Como além de Dengue, existia uma quase epidemia de Conjuntivite , a emergência estava lotada de homens com febre e outros com os olhos colados.
Seguramos meu sobrinho por quatro horas, e nada de atendimento. Isso em pé, não havia lugar para sentar, tampouco acomodações para o doente.
Para que não caísse por conta da febre, encurralamos o nosso “grandão” numa quina de parede, e ficamos eu e Camila fazendo o possível para que ele não fosse ao chão.
Conclusão: não agüentei e resolvi pirar.
Comecei a falar alto que ele estava desabando e que nós duas com certeza não agüentaríamos o peso. E mais... Que caso algo ruim ocorresse pela falta de atendimento eu iria aos Jornais! (na realidade, eu não tinha nenhum conhecimento em Jornais: blefei!)
Depois desse “micão”, resolveram colocá-lo em uma maca para desespero de Camila, que dizia “SE MEU PADRINHO MORRER, ELE MATA VOCÊS”...
Até antes de sua passagem brincávamos com Mimi sobre esse primor de afirmação!
Não sei como hoje é o atendimento no HCPM. Sei que houve reformas, mas pelo que ouço falar, não é diferente do HCAP.
Afinal, o homem mal remunerado tem um nível de STRESS elevadíssimo. Com isso, o sistema imune do indivíduo se desorganiza ficando o mesmo completamente vulnerável as viroses, aos problemas estomacais, às doenças auto imunes, enfim, a todo tipo de problema de saúde.
Isso sem dizer que a Psiquiatria vive cheia: tanto o Policial quanto o Bombeiro está sempre em constante cobrança interna (Quartel), externa (população) e familiar...
Acaba sendo difícil mulher e filhos entenderem todos os “NÃOS”, proferidos por estes Militares. Dessa forma uma grande desagregação familiar se instala.
A família adoece e não há dinheiro para remédios: assim uma grande bola - não de neve - mas sim de problemas de todos os níveis começa a aparecer, refletindo com absoluta certeza, no desempenho profissional desse homem .
Minha avó sempre dizia: SACO VAZIO NÃO PARA EM PÉ!!!
Sei que hoje à noite haverá na AME (antigo Clube dos Oficiais), mais uma reunião para a discussão de problemas afetos a Salários e Condições Dignas de Trabalho.
A AME fica na Rua Camerino n° 144 – Centro – RJ. A reunião começará às 19 hs, estando convidados Oficiais Ativos e Inativos , tanto da PMERJ quanto do CBMERJ.
Acredito que alguns de vocês estejam pensando que não vale à pena, que não vai dar em nada... Mas observem: se vocês não brigarem por direitos seus e de sua Corporação, quem o fará?
Ah! Seu amigo vai e você acha que não há necessidade de ir: ele vai contar tudo que aconteceu por lá! Uhmm! “Quem conta um Conto, aumenta um Ponto!”
Engano, caro Oficial.
Toda vez que tenho que comparecer o HCAP - do CBMERJ – acabo passando algumas horas por lá, entre consultas e exames.
Não que eu goste, mas o número de pacientes a ser atendidos é grande, e o local é de difícil acesso (entrada do Túnel Rebouças). Então, para irmos lá em um só dia, marcamos consulta com mais de um especialista - caso seja preciso - para a mesmo data.
É inevitável: encontramos amigos, quer sejam Praças, Oficiais, Ativos ou Inativos. O CBMERJ é grande: não entendo como, quase todos se conhecem.
Nesta Quarta -Feira devido a grande procura pelo Oftalmologista, acabei encontrando uma amiga, cujo marido quando Soldado, trabalhou com Geraldo.
Interessante que nos últimos tempos nos vemos no Hospital, mas devido a pressa – estamos sempre correndo – não sentamos para conversar. Hoje foi diferente: teríamos que esperar mais de duas horas entre os atendimentos.
Ah...Colocamos a conversa em dia!
Lembramos de nossos filhos quando pequenos. Das nossas aflições, das alegrias e tristezas que a vida nos conferiu. Fizemos um apanhado de nossas trajetórias durante este tempo!
Foi tão bom... Emocionamo-nos: mas rimos também! E bastante...
Quando uma começava a contar algo inusitado que havia acontecido ao longo desses anos, a outra percebia que mais o menos a mesma coisa havia ocorrido com ela. Isso tanto nas alegrias, quanto nas tristezas.
Ao final, descobrimos (sem falsa modéstia) que somos mulheres guerreiras.
Saímos desse nosso encontro talvez mais leve. Percebemos que o que poderia ser de grande desconforto narrar, foi como uma grande terapia: trocamos experiências, sem nenhum escrúpulo.
Esse casal tem três filhos, e coincidentemente um deles também é PM, como meu filho.
Hoje relembramos festas de aniversários, festas em Quartéis (em uma época que no Natal todos, sem distinção de graduação, recebiam presentes muito bons, distribuídos pela faixa etária dos filhos). Um tempo em que éramos muito felizes!
É interessante lembrar, que o marido de minha amiga nessa época era Soldado, vindo logo depois a promoção para Cabo. Ele trabalhava junto a Geraldo no Quartel Central.
Vejam bem: naquela época, como Cabo, ele comprou um apartamento em Nova Iguaçu. O salário não era astronômico, mas deu-lhe um teto, condições de promover a educação estudantil dos filhos, dar uma boa alimentação, enfim, puderam viver dignamente.
Comentamos - como temos filhos na PMERJ - a dificuldade que todos passam.
Agradecemos enfim, a vida que conseguimos construir: ela nos dá condições de ajudar hoje em dia quando preciso, filhos que com algum sacrifício nosso, obtiveram acesso a estudo de qualidade, e que ao final do Segundo Grau, resolveram abraçar a carreira Militar Estadual .
Lamentamos... Lamentamos muito o estado de penúria dos Policiais e Bombeiros, pois era somente olharmos ao nosso redor para reconhecer como a falta de um Salário Digno está adoecendo homens jovens, que poderiam estar atuantes em sua Corporação.
Não acredito que no HCPM seja diferente. Já estive lá alguns anos atrás levando meu sobrinho com suspeita de Dengue, que estava com 41° de febre.
Nessa ocasião, Camila devia ter treze ou quatorze anos e era bastante franzina, e eu apesar de gordinha nunca fui uma pessoa com força muscular. Meu sobrinho tem 1m 92 cm, e naquela época certamente pesava muito mais de cem quilos.
Como além de Dengue, existia uma quase epidemia de Conjuntivite , a emergência estava lotada de homens com febre e outros com os olhos colados.
Seguramos meu sobrinho por quatro horas, e nada de atendimento. Isso em pé, não havia lugar para sentar, tampouco acomodações para o doente.
Para que não caísse por conta da febre, encurralamos o nosso “grandão” numa quina de parede, e ficamos eu e Camila fazendo o possível para que ele não fosse ao chão.
Conclusão: não agüentei e resolvi pirar.
Comecei a falar alto que ele estava desabando e que nós duas com certeza não agüentaríamos o peso. E mais... Que caso algo ruim ocorresse pela falta de atendimento eu iria aos Jornais! (na realidade, eu não tinha nenhum conhecimento em Jornais: blefei!)
Depois desse “micão”, resolveram colocá-lo em uma maca para desespero de Camila, que dizia “SE MEU PADRINHO MORRER, ELE MATA VOCÊS”...
Até antes de sua passagem brincávamos com Mimi sobre esse primor de afirmação!
Não sei como hoje é o atendimento no HCPM. Sei que houve reformas, mas pelo que ouço falar, não é diferente do HCAP.
Afinal, o homem mal remunerado tem um nível de STRESS elevadíssimo. Com isso, o sistema imune do indivíduo se desorganiza ficando o mesmo completamente vulnerável as viroses, aos problemas estomacais, às doenças auto imunes, enfim, a todo tipo de problema de saúde.
Isso sem dizer que a Psiquiatria vive cheia: tanto o Policial quanto o Bombeiro está sempre em constante cobrança interna (Quartel), externa (população) e familiar...
Acaba sendo difícil mulher e filhos entenderem todos os “NÃOS”, proferidos por estes Militares. Dessa forma uma grande desagregação familiar se instala.
A família adoece e não há dinheiro para remédios: assim uma grande bola - não de neve - mas sim de problemas de todos os níveis começa a aparecer, refletindo com absoluta certeza, no desempenho profissional desse homem .
Minha avó sempre dizia: SACO VAZIO NÃO PARA EM PÉ!!!
Sei que hoje à noite haverá na AME (antigo Clube dos Oficiais), mais uma reunião para a discussão de problemas afetos a Salários e Condições Dignas de Trabalho.
A AME fica na Rua Camerino n° 144 – Centro – RJ. A reunião começará às 19 hs, estando convidados Oficiais Ativos e Inativos , tanto da PMERJ quanto do CBMERJ.
Acredito que alguns de vocês estejam pensando que não vale à pena, que não vai dar em nada... Mas observem: se vocês não brigarem por direitos seus e de sua Corporação, quem o fará?
Ah! Seu amigo vai e você acha que não há necessidade de ir: ele vai contar tudo que aconteceu por lá! Uhmm! “Quem conta um Conto, aumenta um Ponto!”
Engano, caro Oficial.
A Reunião precisa de muitos Policiais e Bombeiros: do Tenente ao Coronel. Não fique por fora de decisões que podem mudar literalmente, o rumo de sua vida!
Não sei dizer se Aspirante pode ir - mas caso eu fosse um - bem que tentava. Afinal, pelo menos todos saberão que podem contar com o vigor e o destemor que todo Aspirante possui.
Lembre-se você que acabou de sair da APM D.JOÃO VI: daqui a alguns meses você será um Tenente, e caso não possa participar agora, o máximo que pode acontecer é levar um : “NÃO”.
Porém, o que é um “NÃO “ na vida do Aspirante?
Nadinha... Somente mais "um NÃO" para a sua coletânea de Estórias, que mais tarde irá contar e lembrar com saudades.
Isso sem dizer que a presença das Oficiais Femininas é de vital importância: já está na hora de acabar de vez com o mito da fragilidade!
Ah! Sobre a minha amiga do início deste Artigo??? Por certo nos encontraremos muito no HCAP... Afinal , cada uma tem mais de meio século de vida !!!
AFF!
Um abraço,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS
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