Oi, amor!!! Quantas saudades…. Ah! Hoje, nem sei porque, doloridas saudades!
Talvez a casa quieta, seu sorriso enfeitando as paredes e um sentimento de solidão, que de tão intimo, muitas vezes não consigo revelar. Estranho… Tenho Gustavo, Geraldo,Júnior, netas adoráveis, noras, amigos prá desabafar, mas este vazio deixado por voce é tão imenso, que tenho certeza, vai aumentando a cada dia.
Sento para ver televisão em uma poltrona que fica voltada para uma parede onde há um poster seu, ainda da época do Colégio Militar. Com sorriso lindo retratado, voce meu amor, parece estar sempre tomando conta de mim. Olho o programa da TV , e nesse ínterim, te vejo: a todo tempo sorrindo…
E o som do teu riso? Só em minhas lembranças… Mas preciso dele - tímido ou sonoro - preciso de sua paciencia, de sua inquietação, de sua procura por um grande amor… Preciso, minha Flor de Maracujá, de sua presença: sua meiga presença…
Existe uma música que sempre amei, e que jamais poderia imaginar um dia, que seria amiga de uma pessoa muito próxima de um dos compositores da canção. Eu, que sempre costumei contarolar baixinho, talvez na empolgação a cantasse um pouco mais alto, e por isso - quem sabe? - voce se lembre dela. Toda vez que eu começava a cantar, voce falava: Nossa: isso é o amor!!!! Claro que usando sua fina ironia…
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MEIGA PRESENÇA
Paulo Valdez e Octávio de Moraes
Quem ao meu lado
esses passos caminhou?
Este esse beijo em meu rosto,
quem beijou?
A mão que afaga a minha mão,
este sorriso que não vejo
De onde vem? Quem foi que me voltou?
Vem, de outro tempo
bem longe que esqueci
A ternura que nunca mereci
Quem foste tu presença e pranto?
Eu nunca fui amada tanto
Estás aqui, momento antigo
Estás comigo!
Se não te importa ser lembrado
Se não te importa ser amado
Amor amigo, fica ao meu lado sempre…
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Pois é… Hoje posso cantar em qualquer tom por aqui, que o máximo que pode acontecer são as vacas de um curral próximo, secarem o leite por causa de minha desafinação! Não tem gargalhada, não tem fina ironia, não reclamo de intervenções, não corro atrás de ninguém para cobrir de beijos e “lambidas” no rosto, que sempre eram recebidas aos berros de : Socorro Pai! Tira minha mãe daqui! Que beijo melado! Saiiiiiii! Quantas saudades, minha Flor!
Existem dias que a saudade não trás revolta… Mas existem outros em que meus pensamentos são horríveis… Sou uma péssima Espírita , concluo. Minha Evolução parece lenta… Por vezes me pego pensando se quero mesmo evoluir Espiritualmente, ou se esta seria uma forma de abrandar a dor. Não sei a resposta… Isto depende muito do dia – meu estado de esdpírito - ou mesmo se houve tempo suficiente para visitar seus guardados (os que trouxe comigo)…
Ainda tenho coisas suas, que são muito importantes para mim. Hoje já me sinto mais segura, uma vez que conversando com Márcia sobre o fato de que, quando ocorresse nossa passagem (eu e Geraldo), as suas lembranças materiais talvez fossem descartadas no lixo ou doadas (não sei bem qual seria a destinação), uma vez que Gustavo não aceitou meu pedido – que fiz à algum tempo - de guardá-las com ele. Prontamente essa querida nora, disse-me: - Que isso Dna. Christina? Fica Tudo comigo!
Graças a Deus, Márcia se prontificou - com alegria - em ficar com suas lembranças. Inclusive outro dia separei seu vestido de baile rosa para doar (confesso que muito amargurada), e Márcia sabendo o quanto sou apegada a estas coisas, pediu-me para não fazê-lo. Falou que eu guardasse em um baú. Que não havia necessidade de eu me desfazer, pois ela inclusive gostava de tudo aquilo. Nossa! Me sinto muito feliz em saber que parte de sua história poderá ser preservada… Seus vestidos de baile, suas cartas, sua boina e esporas do Colégio Militar e outras pequenas, porém, importantes lembranças… Vou comprar um baú de tamanho médio, e colocarei tudo lá. Quando eu e Geraldo não estivermos mais aqui, tudo irá para Márcia, sua cunhada, cumplice (Hummm! Sabe do que estou falando…), e grande amiga! Ah! Sua Ciganinha (está aqui no interior) também irá para ela ou para Suely: elas saberão dar o destino que, sabiamente, decidirão!
Estou aqui neste computador, porém minha vontade é de pegar sua escova de cabelos, e abraçá-la… Ainda há o aroma do seu creme de enxaguar os cabelos, acredita? Muitos fios na escova, que eu enrolo em uma toalhinha, com medo de perdê-los, pois afinal, são as únicas lembranças de seu invólucro físico que possuo! Os enfermeiros do HCAP, me entregaram sua escova de cabelos, sua escova de dentes e outros pertences que estão muito bem guardadinhos, pois possuem ainda seu “cheiro”! Meu Deus… Como preciso disso! Sei que muitos acham que o fato de eu procurar sentir seu aroma nestes pertences, uma coisa absurda… Mas sabe como é : a maioria desses amigos, está com seus filhinhos bem pertinho deles… Graças à Deus!
Meu grande amor…Vamos nos encontrar, certamente, pois como sou uma pecadora média, não devo ficar muito tempo no limbo (espero), e quando isso acontecer vamos nos abraçar muito e dessa forma: voltarei a ser feliz!
Boa noite, durma com seus amigos espirituais, e agradeça-os por estarem sempre ajudando-a, em sua caminhada…
Te amo muito! Saudades, muitas saudades!
CHRISTINA ANTUNES FREITAS
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