quinta-feira, 26 de junho de 2008

INFANTICÍDIO INDÍGENA - PRESERVAR TRADIÇÕES OU SALVAR AS CRIANÇAS ????

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Vou hoje tocar em um assunto que de certa forma acompanhei por uns anos, que foi a luta do casal Missionário Márcia e Edson Suzuki, para conseguir tratamento e a adoção da pequena HAKANI.
Hoje, como esta matéria da Revista Veja relata, o casal e Hakani vivem felizes. Porém centenas de crianças indígenas são mortas, normalmente enterradas vivas ou esganadas, por nascerem gêmeas, ou com alguma doença ou marca no corpo que fuja das características físicas dos indígenas.


Desta vez, vou colocar a transcrição da matéria da Revista VEJA, porém daqui a um tempinho voltarei ao assunto, pois somente com a pressão popular, a FUNAI tomará uma posição rígida sobre o assunto.

Estas são histórias apenas pinceladas, de modo que na medida que aprofundarmos no assunto, estejamos mais preparados para saber da cruel tradição do Infanticídio Indígena.

Revista Veja


Muitas tribos brasileiras ainda matam crianças– e a Funai nada faz para impedir o infanticídio

Revista Veja, Editora Abril, 15 de Agosto de 2007.

A índia Hakani, em dois momentos. Ao lado, abraça a mãe adotiva, Márcia, no seu aniversário de 12 anos. Acima, aos 5, em sua tribo: altura e peso de 7 meses. (Photoon/Arquivo Pessoal)

A fotografia acima foi tirada numa festa de aniversário realizada em 7 de julho em Brasília. Para comemorar os seus 12 anos, a menina Hakani pediu a sua mãe adotiva, Márcia Suzuki, que decorasse a mesa do bolo com figuras do desenho animado Happy Feet. O presente de que ela mais gostou foi um boneco de Mano, protagonista do filme. Mano é um pingüim que não sabe cantar, ao contrário de seus companheiros. Em vez de cantar, dança. Por isso, é rejeitado por seus pais. A história de Hakani também traz as marcas de uma rejeição.

Nascida em 1995, na tribo dos índios suruuarrás, que vivem semi-isolados no sul do Amazonas, Hakani foi condenada à morte quando completou 2 anos, porque não se desenvolvia no mesmo ritmo das outras crianças. Escalados para ser os carrascos, seus pais prepararam o timbó, um veneno obtido a partir da maceração de um cipó. Mas, em vez de cumprirem a sentença, ingeriram eles mesmos a substância.

O duplo suicídio enfureceu a tribo, que pressionou o irmão mais velho de Hakani, Aruaji, então com 15 anos, a cumprir a tarefa. Ele atacou-a com um porrete. Quando a estava enterrando, ouviu-a chorar. Aruaji abriu a cova e retirou a irmã. Ao ver a cena, Kimaru, um dos avôs, pegou seu arco e flechou a menina entre o ombro e o peito. Tomado de remorso, o velho suruuarrá também se suicidou com timbó. A flechada, no entanto, não foi suficiente para matar a menina. Seus ferimentos foram tratados às escondidas pelo casal de missionários protestantes Márcia e Edson Suzuki, que tentavam evangelizar os suruuarrás.

Eles apelaram à tribo para que deixasse Hakani viver. A menina, então, passou a dormir ao relento e comer as sobras que encontrava pelo chão. "Era tratada como um bicho", diz Márcia. Muito fraca, ela já contava 5 anos quando a tribo autorizou os missionários a levá-la para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, em São Paulo. Com menos de 7 quilos e 69 centímetros, Hakani tinha a compleição de um bebê de 7 meses. Os médicos descobriram que o atraso no seu desenvolvimento se devia ao hipotireoidismo, um distúrbio contornável por meio de remédios.

Márcia e Edson Suzuki conseguiram adotar a indiazinha. Graças a seu empenho, o hipotireoidismo foi controlado, mas os maus-tratos e a desnutrição deixaram seqüelas. Aos 12 anos, Hakani mede 1,20 metro, altura equivalente à de uma criança de 7 anos. Como os suruuarrás a ignoravam, só viria a aprender a falar na convivência com os brancos. Ela pronunciou as primeiras palavras aos 8 anos. Hoje, tem problemas de dicção, que tenta superar com a ajuda de uma fonoaudióloga.

Um psicólogo recomendou que ela não fosse matriculada na escola enquanto não estivesse emocionalmente apta a enfrentar outras crianças. Hakani foi alfabetizada em casa pela mãe adotiva. Neste ano, o psicólogo autorizou seu ingresso na 2ª série do ensino fundamental.

A história da adoção é um capítulo à parte. Mostra como o relativismo pode ser perverso. Logo que retiraram Hakani da aldeia, os Suzuki solicitaram autorização judicial para adotá-la. O processo ficou cinco anos emperrado na Justiça do Amazonas, porque o antropólogo Marcos Farias de Almeida, do Ministério Público, deu um parecer negativo à adoção. No seu laudo, o antropólogo acusou os missionários de ameaçar a cultura suruuarrá ao impedir o assassinato de Hakani. Disse que semelhante barbaridade era "uma prática cultural repleta de significados".

Ao contrário do que acredita o antropólogo Almeida, os índios da tribo não decidem sempre da mesma forma. Em 2003, a suruuarrá Muwaji deu à luz uma menina, Iganani, com paralisia cerebral. A aldeia exigiu que ela fosse morta. Muwaji negou-se a executá-la e conseguiu que a tribo autorizasse seu tratamento em Manaus. Médicos da capital amazonense concluíram que o melhor seria encaminhar Iganani para Brasília. Antes disso, porém, foi necessário driblar a Fundação Nacional do Índio (Funai). O órgão vetou sua transferência com o argumento de que um índio isolado não poderia viver na civilização. Só voltou atrás quando o caso foi denunciado à imprensa.

Agora, Iganani passa três meses por ano em Brasília. Aos 4 anos, consegue caminhar com o auxílio de um andador. Estaria melhor se a Funai permitisse que ela morasse continuamente em Brasília. Há dois anos, os suruuarrás voltaram a enfrentar uma mãe que se recusava a matar a filha hermafrodita, Tititu. A tribo consentiu que a menina fosse tratada por brancos. Em São Paulo, ela passou por uma cirurgia corretora. Sem a anomalia, Tititu foi finalmente aceita pela aldeia.

O infanticídio é comum em determinadas espécies animais. É uma forma de selecionar os mais aptos. Quando têm gêmeos, os sagüis matam um dos filhotes. Chimpanzés e gorilas abandonam as crias defeituosas. Também era uma prática recorrente em civilizações de séculos atrás. Em Esparta, cidade-estado da Grécia antiga que primava pela organização militar de sua sociedade, o infanticídio servia para eliminar aqueles meninos que não renderiam bons soldados. Um dos seus mais brilhantes generais, Leônidas entrou para a história por ter liderado a resistência heróica dos Trezentos de Esparta no desfiladeiro de Termópilas, diante do Exército persa, em 480 a.C. Segundo o historiador Heródoto, Leônidas teria sido salvo do sacrifício apesar de ter um pequeno defeito em um dos dedos da mão porque o sacerdote encarregado da triagem pressentiu o grande futuro que o bebê teria.

Entre os índios brasileiros, o infanticídio foi sendo abolido à medida que se aculturavam. Mas ele resiste, principalmente, em tribos remotas – e com o apoio de antropólogos e a tolerância da Funai. É praticado por, no mínimo, treze etnias nacionais.

Um dos poucos levantamentos realizados sobre o assunto é da Fundação Nacional de Saúde. Ele contabilizou as crianças mortas entre 2004 e 2006 apenas pelos ianomâmis: foram 201. Mesmo índios mais próximos dos brancos ainda praticam o infanticídio.

Os camaiurás, que vivem em Mato Grosso, adoram exibir o lado mais vistoso de sua cultura. Em 2005, a tribo recebeu dinheiro da BBC para permitir que lutadores de judô e jiu-jítsu disputassem com seus jovens guerreiros a luta huka-huka, parte integrante do ritual do Quarup, em frente às câmeras da TV inglesa. Um ano antes, porém, sem alarde, os camaiurás enterraram vivo o menino Amalé, nascido de uma mãe solteira. Ele foi desenterrado às escondidas por outra índia, que, depois de muita insistência, teve permissão dos chefes da tribo para adotá-lo.

Há três meses, o deputado Henrique Afonso (PT-AC) apresentou um projeto de lei que prevê pena de um ano e seis meses para o "homem branco" que não intervier para salvar crianças indígenas condenadas à morte. O projeto classifica a tolerância ao infanticídio como omissão de socorro e afirma que o argumento de "relativismo cultural" fere o direito à vida, garantido pela Constituição. "O Brasil condena a mutilação genital de mulheres na África, mas permite a violação dos direitos humanos nas aldeias. Aqui, só é crime infanticídio de branco", diz Afonso.

Ao longo de três semanas, VEJA esperou por uma declaração da Funai sobre o projeto do deputado e as histórias que aparecem nesta reportagem. A fundação não o fez e não justificou sua omissão. Extra-oficialmente, seus antropólogos apelam para o argumento absurdo da preservação da cultura indígena. A Funai deveria ouvir a índia Débora Tan Huare, que representa 165 etnias na Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira: "Nossa cultura não é estável nem é violência corrigir o que é ruim. Violência é continuar permitindo que crianças sejam mortas".

Espero voltar ao assunto e conto com a colaboração dos leitores e amigos para que ajudemos às crianças indígenas!

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Um abraço,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS

7 comentários:

Anônimo disse...

Que linda ação a dos missionários...
Salvaram uma criança e destruiram a cultura de uma população Indígena inteira. Não bastou ter obrigado os indígenas a se acostumarem à nossa cultura por tantos séculos?
Será necessário acabar de vez com seus costumes?
Não estamos falando apenas de uma vida. Estamos falando da sobrevivência de uma civilização inteira.
Pense por esse lado também...

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Sr. Anônimo:

Não sou Missionária e também não sou Evangélica. Sou Espírita Cristã.
Estou certa de que a maioria das tradições indígenas devam ser preservadas, mas fico junto aos irmãos Missionários quanto à luta contra o Infanticídio Infantil Indígena.

Um abraço, e obrigado pela leitura!
CHRISTINA ANTUNES FREITAS

Anônimo disse...

Ao Anônimo:

Como que preservar uma mera tradição é mais importante que uma vida?

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Srs.

Minhas desculpas pela "retundância" ao fazer o comentário de 19/12/2008.
Coloquei "Infanticídio Infantil Indígena"...
Foi péssimo!
Leia-se "Infanticídio Indígena"!

Grata,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS

Profº Lafa disse...

É um absurdo acreditar que um Homem, indiferentemente ao credo ou ao nível cultural possa ter direito sobre a vida do outro. Somos Homens, seres racionais e a prática de atos comparados a de animais irracionais jamais pode ser vista como normal ou objeto de preservação. Infanticídio é CRIME e como crime deve ser tratado! Preservar cultura não é defender omissos e assassinos. "O guarani" de Jose de Alencar é só um livro, que nem foi escrito por um índio.Sua leitura está longe da realidade atual. Cultura preciosa é a cultura do amor, e infanticídio nunca pode ser tratado como prova de amor a uma tribo! Vemos índios com internet e tv, geladeiras roupas, jogando futebol e com atendimento médico. vemos índios recebendo apoio financeiro da FUNAI, e vemos índios enterrando seus filhos em valas comuns ainda vivos. Criticamos a política eugênica de Hitler, mas em nome de uma cultura inútil, abandonamos crianças a morte por seus próprios parentes. Que cultura é essa??? se alguém puder me ajudar a entender que relação há entre cultura e assassinato de crianças, sem conseguir passar pelo nome de FUNAI, internet tv e geladeira ou dinheiro, eu agradeceria!Ah e não me venha falar em seleção natural, porque há muitos, isso não existe mais entre os homens!!! Ao meu ver, uma vida vale mais do que qualquer língua ou cultura! O bem mais precioso que um homem pode ter é a sua VIDA!
Um abraço a todos que possam compartilhar com a valorização da vida! aos que não concordam com o que eu escrevi, simplesmente deixo minhas lamentações. A ciência deveria unir os povos e não afasta-los!

Profº Lafa disse...

http://www.hakani.org/pt/
http://www.youtube.com/watch?v=Y3YUO98f000&feature=PlayList&p=0E08895025EBF2BA&index=15

Olhem, observem e se ridicularizem pelos atos em nome da cultura!
abraços a todos!
Não fecharemos nossos olhos!

Unknown disse...

temesvar23OS INDIOS DE AUGUMA FORMA TEEM QUE ACEITAR AS DIFERENSSAS QUE EXISTEM ENTRE OS SERES HUMANOS OS FILHOS , APARENTEMENTE UM POUCO DIFERNTE DA MAIORIA AS VESES SAO NORMAIS, NAO SAO DIFERENTES DO NORMAL,OS FILHOS NAO,PRESISAO SER UMA COPIA DOS PAIS,LEMBREN-SE,NOS HOMENS DECENDEMOS APENAS DE UM CASALHUMANO!