Srs.
Recebi do amigo Cel BM JOSÉ CARLOS DIAS, o texto abaixo que faço questão de repassar, ante ao descaso com que os Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro, estão sendo submetidos.
CAROS BOMBEIROS DE (A) VERDADE.
Estamos vivendo, após tantos anos de dedicação a sociedade fluminense, um dos momentos mais tristes da nossa Corporação e da nossa própria trajetória.
No momento que a Justiça Militar concede a prisão preventiva de companheiros por reclamarem (certo ou errado, não importa ) de vencimentos famélicos, temos que entender que devemos fazer uma reflexão sobre o que está acontecendo.
Sem querer entrar na discussão da legalidade ou não das prisões, fato consumado que os advogados saberão resolver junto aos Tribunais, me ocorre que o Corpo de Bombeiros é subordinado hoje a Secretaria de Estado da Saúde e Defesa Civil.
Na verdade está subordinado a um órgão civil, contrariando o que determina o art. 144 da Constituição Federal e subordinado ainda, mais abaixo, a uma Subsecretaria de Defesa Civil, cuja denominação já a define como não militar. Nada mais justo que entendamos que o Bombeiro hoje é militar para deveres e civil para efeitos de direitos, um paradoxo.
No passado, ficamos calados a subordinação do Corpo de Bombeiros a Secretaria de Estado da Defesa Civil e como era de “nosso interesse”, alguns áulicos, para obterem suas vantagens pessoais, criaram a figura do Secretário de Defesa Civil e Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, que acumulando as funções, tirava o foco de uma subordinação também inconstitucional a uma Secretaria da estrutura civil do Estado do Rio de Janeiro e criada com o intuito de trazer mais verbas para a execução da missão operacional e facilitar politicamente o trânsito nas comunidades.
E assim seguimos, sem reclamar judicialmente da nossa condição de Corporação Militar subordinada a uma Secretaria Civil, o que é pior, com o passar dos anos fomos descendo na subordinação estrutural do Estado e já somos hoje, como já disse acima, subordinados a uma Subsecretaria civil, que é subordinada a um Secretário de Saúde, médico civil e sofrendo as conseqüências de não sabermos se somos hoje militares com seus direitos e deveres, funcionários ou agentes de saúde estadual, mata-mosquitos ou auxiliares de necropsia.
Enquanto isso na Academia de Bombeiro Militar D. Pedro II, que forja a cada ano o Comandante do amanhã, ao receber a sua espada símbolo do Oficial, o jovem de hoje e Coronel do futuro já não tem certeza que a sua trajetória, como foi a nossa, será servir a sociedade com a amplitude do seu juramento. Não terá a certeza que sua espada, recebida a duras penas, será respeitada por usurpadores da direção e do Comando da Corporação, que sequer sabem o valor do símbolo da autoridade do Oficial, pois jamais o usaram.
Esses usurpadores, com raras exceções, jamais se ombrearam conosco nas nossas conquistas coletivas, nos nossos ideais de uma Corporação forte e preparada para os novos desafios futuros e para melhores condições de dignidade no atendimento da nossa velhice. Ao menor movimento da exigência de hierarquia, disciplina e mais trabalho abandonam a carreira e o idealismo de ocasião.
É nas mãos de um homem desse perfil que deixamos entregarem a nossa Corporação, a nossa dignidade e o nosso espírito corporativo.
Companheiros, onde foi que erramos?
Se na sua avaliação não erramos no nosso passado, será que devemos intervir no presente para melhores dias no futuro, que para nós já é hoje?
Será que ao subordinar a Corporação a estruturas civis no passado não facilitamos a chegada desse quadro que aí está, onde as politicagens internas e externas não nos deixa ter unidade de pensamento e os políticos insanos e covardes se aproveitam disso para impor os seus métodos ilegais e ditatoriais?
Ou será que tudo isso não passa de um plano de longo prazo, um processo de desmoralização em cadeia das Corporações Militares desse país para atingirem objetivos nada democráticos. Afinal, guerrilheiros condecorados já estão no Ministério da Defesa e invasores de terras, devidamente amparados pelo governo federal, já são recebidos com churrasco por Governador, com pompa e circunstância.
Não pensem que estou delirando, que estou com sérios problemas de senilidade.
Muito pelo contrário, não existe melhor momento de rebustecerem o que lhes exponho, basta analisar o momento que vive a nossa tropa, sofrida, humilhada, em estado quase miserável com suas famílias, ocasionado pelos vencimentos desonrosos que recebem e tendo que viver de “bicos” para conseguir sobreviver e educar seus filhos.
Não recebem vale transporte, uniformes só quando “Deus quiser”, atendimento médico - hospitalar precário e sem a justa contrapartida do governo para o recolhimento do Fundo de Saúde como manda a lei, enfim, o caos.
É do caos que partem os novos caminhos.
Um caminho, o que já foi dito, é levar a Corporação a desonra e a desmoralização, acabar com o espírito de corpo para atingir os objetivos da anti-democracia, que já aflora e depois destruir-nos.
O outro caminho está em nossas mãos, dos Bombeiros de (ou da) Verdade, nas mãos dos que amam e respeitam essa Corporação centenária para não deixá-la sucumbir ou sofrer qualquer débâcle que manche a sua história centenária, manchando com isso também a nossa história e honra.
É chegado à hora, companheiros, de irmos às autoridades, é chegado à hora de nós, os mais velhos, procurarmos mostrar o caminho aos mais jovens, aos mais afoitos, aos mais indignados;
É chegada a hora, Bombeiros de Verdade, de sentarmos a mesa, sem restrições pessoais, sem ideologias políticas e achar o melhor caminho para a nossa Velha Casa.
CEL BM RR JOSÉ CARLOS DIAS
QOC 64
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Que as palavras do Cel Dias, atinjam e sirvam de reflexão e ação, aqueles que detém poder de mando, principalmente!
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Abraço fraterno,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS
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