Oi, minha Flor de Maracujá!
Ah! Ando espaçando minhas “escrivinhações” a você, até porque comecei a perceber, o quanto elas costumam interferir de modo não muito positivo, entre alguns de nossos familiares... A reação ao que escrevo, muitas vezes não é boa. Talvez alguns amigos achem o mesmo, porém por pudor, nada me relatam a cerca deste incomodo.
Mas se incomodo uns, também agrado outros tantos que sentem falta de nossa interação. Decerto, alguns deverão pensar: - Que interação, se ela somente escreve e não obtém respostas - e assim sendo - não existe um dialogo?
Ah… Essa interação, somente compreende quem tem a alma aberta para esse difícil cotidiano, entre mãe encarnada e filho desencarnado... Logicamente cito a minha condição, mas isto pode acontecer entre filhos encarnados e pais desencarnados, entre irmãos, amigos, enfim, uma gama de combinações que somente o amor e a saudade, sabem bem do que se trata.
Sabe minha Mimi, à uns dias ando com “você” à flor da pele... Te vejo, quando vou à frente da casa onde moramos hoje, que não me revela a gama de pássaros que na outra casa, eu via. Nesse local em que estamos agora , a natureza é bela , plena , que observada com calma e nos mínimos detalhes , consegue ser admiravelmente emocionante.
Aprendi com o tempo Minha Flor, observar com bastante calma tudo que se passa à minha volta… Quando olho qualquer vegetação, das mais floridas às mais áridas, consigo ver uma abundância de vida, de recomeço, de esperança, que jamais enquanto estive na Cidade grande, havia observado... Naturalmente não havia tempo para isso e tampouco meu coração estava aberto para estas coisas, afinal, eu era uma pessoa que estava completamente escondida dentro de mim: opção pessoal, pois ninguém nos impõe nada sem o nosso consentimento.
Passei anos sem escrever e sem poder falar sobre o amor, sobre carências, ou a cerca de lembranças - boas ou ruins – que todos nós temos. Claro! Nem todos gostam de escrever, afinal existem mil formas de expressão. Porém Mimi, a minha maneira de falar sobre esta devoção extrema chamada “amor”, ou sobre a esperança , generosidade, fraternidade, ou até mesmo quando é preciso contestar, com certeza só sei faze-lo com a minha “escrita” . Por certo, - escrita pobre – , pois minha Gramática e Ortografia são básicas. Meu teor de redação algumas vezes, bastante intimista, “é brega”, como já me confessaram... Mas o que escrevo, minha Mimi, é o retrato do que sou. Consigo despir-me de qualquer artifício de vaidade. Sendo assim, jogo-me às palavras com um despudor, que cada dia mais, me fortalece.
Então minha Flor de Maracujá , você nestes dias anda, - acerca de mim – , pois olho paisagens e vejo teu sorriso. Coloco um perfume, e claro, ando colocando o “Calandre”, talvez como uma forma de sentir seu perfume em dias alegres! Em manhãs em que você se arrumava para ir a Faculdade e entrava de mansinho em meu quarto para colocar o meu Calandre... Lógico: para economizar o seu perfume da mesma marca... Tempos maravilhosos ! Saudades boas… Vontade infinita de te reencontrar.
À dois dias passei pela impressão que estava você , sentada à beira de minha cama, pedindo-me para que eu a maquiasse pois andava com saudades de andar um pouco mais produzida. Então, enquanto eu a maquiava, você conversava comigo sobre problemas que estamos passando. Sobre a minha falta de paciência com quem age ou pensa mais lentamente, e que isso, era indicio de que eu precisava ser mais generosa com as pessoas diferentes de mim... Voce dizia: amar o inteligente é fácil mãe, amar o “lentinho” e compreendê-lo, é que vai fazer de você uma pessoa melhor...
Estou tentando Mimi, mas convenhamos, é difícil! Ter que passar a vida entendendo as pessoas, e durante uma boa parte do tempo não ser entendida, é uma sensação muito ruim. Esse exercício de generosidade, deveria ser para todos. Aff!
Durante o tempo em que eu a maquiava, você me disse : - Caramba, mãe, nem pense em me passar sombra azul! Não gosto de azul... Não gostava, né mãe? Então, não precisa nem passar esta cor nos meus olhos... Quero mesmo, é um rímel!
Essa minha experiência em te maquiar, com você sentada a beira de minha cama esta semana, foi magnífica não só por senti-la junto a mim, mas por poder escutar coisas impregnadas do bom senso, que sempre norteou sua vida... Pena que abruptamente, nosso “chamego” terminou, pois seu pai acordou e fez barulho. Claro! Ele não tem a mínima culpa, afinal de nada sabia.
Durante todo esse dia, senti em meus dedos, o toque em seu rosto! Sobre o meu braço, ombro esquerdo, tórax , e debaixo de minha cabeça - amparando-me - a quentura de seus braços, e o seu hálito!
Sabe Mimi... Posso colocar aqui algumas razões para este nosso “encontro” , acontecido entre o sono e a vigília... Motivações Espirituais ou Psicológicas, porém, de uma coisa tenho absoluta certeza: minha memória olfativa, visual, enfim, minha memória sensorial em relação a você, continua intacta.
Minha vontade realmente é ficar por aqui escrevendo, até poder te encontrar... Não posso. Não a reencontrarei por mais que crie um “Mosaico de Camila”, isto é: colocar em palavras pedaços de você, até que, derrepente, o que escrevo possa criar vida. Isto não acontecerá, eu bem sei.
Longe dos meus devaneios, tenho a certeza que nosso reencontro perfeito , será no momento em que o Pai, assim designar. Mas por enquanto, vou correndo por vezes como louca (em completa demência) , buscando lembranças que possam compor este “Mosaico de Camila”, para que dando asas a minha insanidade, ele – O Mosaico – , um dia mexa-se, sorria, e me abrace!
Estou louca. Estou sozinha...
Mas, peço ao Pai que me beneficie, com tantos reencontros forem possíveis, como o que aconteceu enquanto eu a maquiava.
Meu amor por você e por seu irmão, é incondicional. Gustavo, posso sentir em meus braços, mesmo que em poucas ocasiões... Mas você, preciso da permissão Divina para que isso aconteça...
Senhor meu Pai, não me esqueça!
Saudades, minha Flor de Maracujá!
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CHRISTINA ANTUNES FREITAS
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