Logo pela manhã ao receber o jornal O Globo, procurei a entrevista concedida pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Sérgio Cabral Filho, dando conta dos problemas e soluções da área de Segurança Pública do nosso Estado. O título da matéria não poderia ter sido pior: “DEPOIS DO ESTRESSE A VIOLÊNCIA VAI CAIR” (palavras do Governador). De onde ele tirou isso????
Na verdade não vou querer dar opinião quanto às estratégias de combate à violência no Rio de Janeiro, até porque não sou da área de Segurança Pública. Porém como cidadã que vive neste Estado e sabe das necessidades urgentes de SALÁRIOS DIGNOS E CONDIÇÕES DE TRABALHO dos Policiais Militares, posso falar.
Primeiramente gostaria de destacar na entrevista, o descaso tanto do Jornal quanto do Sr. Governador com a PMERJ, que não foi citada. Falou-se do Chefe da Polícia Civil, mas não houve nenhuma pergunta ou resposta em que o Cel. Ubiratan Ângelo fosse incluído. Naturalmente, nenhuma alusão ao Cel. ou à PMERJ. Será que Jornalista e Governador combinaram este silêncio ???
Ah! Falha minha...Foi feita uma pergunta em que foi mencionado o BOPE, como praticante de barbárie: “atirar pelas costas”. Como resposta o Sr. Cabral diz que a Polícia é orientada para trabalhar pela lei e pela ordem e, junto respeitar os direitos humanos, mas que não pode responder por 40.00 homens da PMERJ. Uai? A Polícia Civil também não é Polícia?
E a Core, também não faz incursões? Quer dizer que a única Polícia que tem arma na mão é a Militar? Ou seria a Polícia Civil uma Instituição constituída por pessoas de caráter tão messiânico, que o Governador pode responder por todos os seus integrantes?
Hummmm! Assim fica difícil, Governador... Como o Sr. Gosta da Polícia Civil !
Fala da ocupação do Complexo do Alemão como se nenhum Policial Militar atuasse nos confrontos ou na referida ocupação. Aliás, parece que não existe a PMERJ.
Agora me ocorreu: será que ele já ouviu falar que o 16º BPM é o Batalhão da área? Saberia ele que durante "Operações no Complexo do Alemão" vários Batalhões da PMERJ atuam em conjunto? Se ninguém comenta nada, o Sr. Cabral poderia ser mais atento na leitura dos Jornais.
PMERJ, PMERJ, PMERJ... Alguém tem que ensinar esta sigla ao Governador. Depois, soletrando, explicar: POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Chegada a hora de falar em aumento de salário, o nosso Governador quase me leva às lágrimas: acha que os 4% foram de uma generosidade incrível. Comenta inclusive, que outros Governadores o acharam “louco” por dar um aumento de salário tão substancial no primeiro ano de governo. FAÇA-ME O FAVOR!!!! Olha o que dá viver tanto: acabamos ouvindo desaforo, embrulhado como presente!
De resto, o blá, blá, blá de sempre... Gracinhas entre o Governador e o Secretário de Segurança, que para descontrair os Jornalistas consegue o patético: o Sr. Beltrame deixa-se fotografar como uma “lagartixa presa à parede”. Aff!
Então estamos chegando ao final do ano, e o Sr. Governador do Estado vai tirando o ânimo - poucos ainda tem, é certo – dos que a lutam e bradam por Aumento Salarial e Melhores Condições de Trabalho dos profissionais de Segurança Pública, mais especificamente dos Policiais Militares.
O Sr. Cabral deve estar achando que está ganhando muita coisa com uma PMERJ mal remunerada, mal equipada, discriminada e sendo a cada dia colocada de lado pelo Governo.
Penso que conforme o Sr. Cabral vai afastando a PMERJ do lugar que a mesma deve ocupar, ao final estarão todos muito juntos em um canto. E assim, finalmente unidos (ou simplesmente juntos) por imposição do Governo, esses 40.000 homens - quem sabe? - venham a ter atitudes de luta, de brio revigorado e de retomada de força, para que com a devida coerência e austeridade possam exercer direitos assegurados pela Constituição de um país democrático e livre (em tese), reivindicando:
SALÁRIOS DIGNOS E MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO!
Pleitear direitos sim, pois os deveres estão sendo exercidos à custa de muita abnegação e sacrifício!
Não vamos perder o foco. Sem pressão dos Policiais Militares e da Sociedade Civil (com a devida responsabilidade), o Governo Estadual continuará fingindo-se de MORTO!
Um abraço,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS